Arte nas Ruas

A Mulher do Fogo

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A luz vermelha acende, e o espetáculo começa.
Em meio aos carros, gasolina e isqueiro são as armas da garota que seduz com o fogo. Joga os malabares em chamas para o alto e ilumina um pedacinho entre a Nove de Julho e a Rua Estados Unidos. Enquanto hipnotiza quem passa por ali, só pensa na filha e no marido que sustenta com o dinheiro que recebe nos semáforos.

Sandra começou a trabalhar nas ruas com malabarismo não por amor a arte, mas pela necessidade de quem já não via mais saída. Num natal, em que o desespero tomou conta da família, ela saiu pra rua e foi para o farol, sem nem saber como jogar os malabares.



“Eu fiquei olhando os meninos fazerem, e aí tomei coragem e fui fazer também. Derrubei tudo, morri de vergonha, mas quando fui passar pra pegar dinheiro ganhei 50 reais no primeiro carro. Dalí fui direto pro mercado, comprar comida pra levar pra casa”.

Hoje, dois anos depois, Sandra se apaixonou pelo malabarismo, e a cada dia seu show fica mais completo, mais arriscado.
Quando passar por aquele farol preste atenção: sempre terá alguém gritando e aplaudindo a mulher do fogo.

Donos de habilidades especiais, os artistas de rua atraem dezenas de espectadores na maior metrópole do país.
O Cidadão do Mundo quer mostrar histórias, casos e a vida dessas pessoas que deixam a cidade cinzenta um pouco mais colorida aos olhos daqueles que se propõem a apreciar o espetáculo.
E é esse show cheio de cores, luzes,sons, fogos, sorrisos, lagrimas e dor que vamos apresentar.


(...) Que a cada gesto do descalço malabarista de rua...
Cada passo da desdentada sambista seminua...
Nós te amamos meu Senhor...

Cada firme traço do cansado e anônimo pintor...
Cada acorde romântico na praça do violeiro cantor...
Nós te amamos Senhor(...)

Oração do artista de rua
Carlos Wiederspahn.